Foto de Abbas Momani/AFP
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Para os palestinos, as imagens feitas na sexta-feira em Nabi
Saleh, Cisjordânia, vão se juntar às ilustrações mais eloquentes que mostram
"a decadência moral do exército de ocupação", nas palavras da
chancelaria palestina.
Para muitos israelenses, seus soldados caíram em uma armadilha
midiática.
Os vídeos da briga, bem como fotos tiradas pela AFP, mostram
um soldado israelense perseguindo uma criança com braço engessado. O soldado
encapuzado pega a criança, a imobiliza com uma chave de braço e tenta
pressionar seu rosto contra as pedras.
Ativistas pró-palestinas, a mãe, a irmã e outras mulheres do
vilarejo apressam-se em agarrar o soldado. "É apenas uma criança, uma
criança pequena", grita a mãe. A irmã do menino morde o soldado. O soldado
tenta manter sua arma fora do alcance das mulheres.
Cada vez mais desesperado, ele pede por ajuda. Durante quase
um minuto, permanece sozinho lutando com essas mulheres que tiram dele o capuz,
até que um superior chega e ordena que deixe a criança.
As imagens rodou pela imprensa palestina, israelense e
internacional, e tomou conta das redes sociais.
Para os palestinos, a cena é emblemática das ações
israelenses na Cisjordânia ocupada. A imprensa palestina reproduziu uma
caricatura revisitando a briga e dando ao soldado israelense o rosto de um cão.
Nabi Saleh, perto de Ramallah, tem sido há anos um dos
palcos do conflito israelo-palestiniano. Toda sexta-feira, palestinos,
estrangeiros e até israelenses manifestam contra a expansão da colônia de
Halamish do outro lado da estrada. Toda sexta-feira, soldados esperam por eles.
As pedras acabam sendo lançadas de um lado, gás lacrimogêneo
e balas de borracha irrompem do outro.
Em três anos, duas pessoas morreram e 375 ficaram feridas,
segundo ativistas, quase a metade menores de idade.
Foi correndo entre os blindados israelenses que entraram em
sua aldeia de Mohammed Tamimi, que a criança do vídeo, de 11 anos, quebrou o
pulso, segundo seu pai, Bassem Tamimi.
"Eu não tive medo", disse Mohammed, "mas
gritei para chamar meus parentes para vir me livrar do soldado". Narimane,
sua mãe, disse ter pensado em "apenas uma coisa: libertar meu filho das
mãos do soldado"
Os Tamimi lideram o movimento de contestação em Nabi Saleh.
O pai diz ter sido preso nove vezes. Ahed, de 13 anos, ficou conhecida por
fotos em que ameaça com o punho fechado soldados israelenses e que fizeram com
que fosse recebida em 2012 por Recep Tayyip Erdogan, primeiro-ministro turco.
Para muitos israelenses, os Tamimi são
"agitadores" que estão dispostos a colocar em risco os seus filhos. A
manifestação de sexta-feira é "uma operação de relações públicas",
onde os manifestantes tentam "provocar os soldados atirando pedras que
podem ser fatais", a ponto de os soldados serem obrigados a reagir, disse
à AFP um oficial.
O próprio Mohammed Tamimi teria atirado pedras na
sexta-feira, segundo o exército israelense.
O incidente suscitou fortes reações entre os israelenses
que, como o ex-ministro ultranacionalista Avigdor Lieberman, perceberam uma
capitulação por culpa do governo.
Também levantou dúvidas. Como um jovem recruta israelense
pode estar numa situação semelhante, realizando operações policiais?
Arnon, o pai do soldado, relutou em falar com a imprensa tão
pouca moderação demonstrou seu filho.
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